BNDES: dinheiro tem, falta estimular o empresário a tomar crédito
Pesquisa da Fiesp mostra que 49% das médias empresas industriais nunca operaram com o banco de fomento
“Estamos cheios de dinheiro e cheios de vontade de emprestar”, disse nesta sexta-feira, 18/05, Dyogo Oliveira, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“Nossa economia está em estado grave, mas nós estamos pensando nas ações certas e numa postura de transparência e diálogo”, disse Oliveira. “Vamos entrar numa nova era. A era dos juros baixos”, afirmou.
Para o presidente do BNDES, as empresas vivem hoje um processo de desalavancagem. “Sabemos da necessidade de melhoria das condições de financiamento. Estamos fazendo a digitalização do banco, que vai ser mais ágil e mais flexível. Vamos oferecer mais alternativas.”
Dyogo Oliveira citou como exemplo uma linha com taxa fixa de 10% ao ano, segundo ele. “Temos o BNDES Garagem, para investir em jovens promessas, empreendedores com boas ideias”.
Outro alvo da atenção do banco são os prazos de financiamento. “O nosso prazo de financiamento à inovação foi ampliado de 12 para 20 anos”, disse. “Estamos sempre pensando na ampliação dos prazos para não comprometer o fluxo de caixa das empresas”.
PESQUISA
José Ricardo Roriz Coelho, vice-presidente da Fiesp , apresentou uma pesquisa sobre acesso aos financiamentos do BNDES, realizada pela entidade com 500 indústrias no Estado.
“A indústria é um setor crucial para a economia. A estimativa é a de que 1% de crescimento na manufatura responda por 1,1% de crescimento na economia.”
De acordo com a pesquisa da Fiesp, 49% das médias empresas industriais nem tentaram operar com o BNDES.
“Alguns países têm políticas ambiciosas para o desenvolvimento da indústria 4.0, como França, Alemanha, Estados Unidos”, explicou Coelho. “No Brasil, investir não dá retorno”.
Segundo a pesquisa, o setor é o que mais produz e difunde inovações, respondendo por 70% dos gastos com pesquisa e desenvolvimento no setor privado.
Mesmo diante de tanto potencial, o ambiente de negócios é desfavorável para as indústrias, avaliou Coelho. “O Brasil está em primeiro lugar no ranking das maiores taxas de juros reais, spread bancário, volatilidade cambial e burocracia tributária, entre outras variáveis”, disse.
Já o chamado Custo Brasil responde por 26,5% do total do preço dos produtos. “Entre 1995 e 2016 a indústria chegou a representar apenas 11,9% do PIB brasileiro, a maior queda entre os 20 países com mais de 40 milhões de habitantes que, juntos, representam 76% do PIB mundial.”
Para o vice-presidente da Fiesp, as perspectivas não são mais otimistas a curto prazo.
“O PIB brasileiro deve crescer menos de 3% em 2018. Temos um cenário de incerteza política, um lento aumento de crédito acompanhado de uma pequena redução da taxa de juros, o desemprego elevado.”